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O QUE É PATRIMÔNIO

 

A origem da palavra patrimônio está “[...] ligada às estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável” (CHOAY, 2001) - na verdade, a riqueza comum que nós herdamos como cidadãos, e que é transmitida de geração a geração.


Se buscarmos os antecedentes de nossa vida como membros de uma comunidade, encontraremos a primeira célula social que é o núcleo familiar. Através dele nós estabelecemos uma relação com o passado, conhecemos nossa realidade presente e caminhamos na procura da perenidade, guardando memórias que nos identificam e testemunham a nossa vida. Ele nos confere identidade, orientação e estimula a nossa cidadania e o viver em comunidade.


Através das diferentes identidades que reivindicam lugar e visibilidade ante o modelo de globalização política e cultural, e a consequente homogeneização oriunda desta, a memória pode ser entendida como o componente principal daquilo que convencionamos nomear como identidade, seja individual ou coletiva.


Os testemunhos construídos e os testemunhos vivos, agentes da memória, são imprescindíveis para a construção desta identidade social. Se a cidade é um lugar no tempo, é através do tempo passado de um espaço construído que podemos contá-lo, e não é possível pensar um sem o outro. A construção da identidade humana perpassa pela prática e a adesão à cidade. Quando tentamos representar a memória — ou a história — de uma cidade, o conhecimento do tempo é indissociável da sua representação no espaço. Assim, se a cidade é um conjunto de histórias contadas durante o tempo de sua formação, a sua materialidade pode revelar as razões que levaram sua população à construção de seu presente.
 

Para uma cidade ou nação, esta herança é constituída pelos bens materiais e imateriais referentes à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade. No acervo de bens materiais, ele pode ser subdividido em bens móveis e imóveis Assim, o conceito de patrimônio nos remete ao conceito de memória quando se trata da preservação do mesmo.
 

A memória encontra-se no centro de debates de vários pensadores da contemporaneidade (Choay, 2001; Le Goff, 1994; Nora, 1993; Halbwachs, 1990). Em sua dimensão coletiva, está gravada no patrimônio arquitetônico: a forma edificada da identidade de um povo, da memória das técnicas construtivas históricas e de suas manifestações artísticas num determinado período do tempo.
 

Cada edificação, portanto, agrega não apenas o material de que é composto, mas um sem fim de significados, experiências e técnicas ali experimentados. É um lugar no tempo. Podemos dizer que são como narrativas construídas e a sua destruição acarreta o desaparecimento do passado, de suas referências e, consequentemente, do sentimento de pertencimento das pessoas àquele lugar.

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